quinta-feira, 2 de outubro de 2008

o primeiro dia do resto da minha vida

Pequenito, na pequena vila entrei,
Da grande Cidade naquele dia cheguei,
Família humilde, sim eu sei,
Mãe, 3 filhos, e o homem da lei.

Vila pequena cheia de frescura,
Donde viera era fria e escura,
No entanto não era doçura,
Na Cidade a vida foi dura,

Dela havia muito para dizer,
Encanto, verdejante, pode trazer,
Á memoria de tudo fazer,
Talvez um dia um livro escrever.

Porém gostava de ir para a escola,
Levava os livros numa sacola,
Ter primor para jogar á bola,
A mágoa de não ter botas de sola,

Rever sonhos, heróis imaginários
Presente futuro, sem favores partidários
Na luta contras os incendiários,
Juntei-me aos Bombeiros Voluntários,

Treinos a chuva, ossos no chão,
Vontade, orgulho no clube do coração,
A tudo a todos não digo não,
Dei todo o meu sangue, sou teu irmão.

Trabalho forçado, suor e cansaço,
Amizades perdidas, eu dou um abraço,
Esquecer, perder na vida o laço,
Antes morrer ou voar para o espaço.

Trabalho para longe fui arranjar,
Montanhas, rios, vidas sem par,
Não desisto tenho de encontrar,
Por muito que custe tenho que achar.

A solidão, o frio da noite fechada,
O ter que fugir pela aquela estrada,
Saltando destinos de madrugada,
Matando a fome e barriga sem nada.

Ter noção de que a derrota,
Não existe para gente devota,
Ter que regressar e denota,
Quem tem cumprir a tropa.


Tudo por tudo e afinal fiquei,
Na reserva, porquê, isso não sei,
Pena tristeza com a certeza fiquei,
O sonho que tinha, não terminei.

Na fábrica trabalhei sem dor,
Pranto de lágrimas e muito suor,
Foi lá sem pedir e sem favor,
Que conheci o meu grande amor,

O destino perverso assim o quis,
Entrei com garra e ali me fiz,
Policia e agora e o que se diz
Vivo num sonho, e sou feliz.

O meus não deixei de amar,
Só os deixei, por muito gostar,
De ter prazer de os estimar,
De terem na vida quem os possa honrar.

By Gonçalo

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