Pequenito, na pequena vila entrei,
Da grande Cidade naquele dia cheguei,
Família humilde, sim eu sei,
Mãe, 3 filhos, e o homem da lei.
Vila pequena cheia de frescura,
Donde viera era fria e escura,
No entanto não era doçura,
Na Cidade a vida foi dura,
Dela havia muito para dizer,
Encanto, verdejante, pode trazer,
Á memoria de tudo fazer,
Talvez um dia um livro escrever.
Porém gostava de ir para a escola,
Levava os livros numa sacola,
Ter primor para jogar á bola,
A mágoa de não ter botas de sola,
Rever sonhos, heróis imaginários
Presente futuro, sem favores partidários
Na luta contras os incendiários,
Juntei-me aos Bombeiros Voluntários,
Treinos a chuva, ossos no chão,
Vontade, orgulho no clube do coração,
A tudo a todos não digo não,
Dei todo o meu sangue, sou teu irmão.
Trabalho forçado, suor e cansaço,
Amizades perdidas, eu dou um abraço,
Esquecer, perder na vida o laço,
Antes morrer ou voar para o espaço.
Trabalho para longe fui arranjar,
Montanhas, rios, vidas sem par,
Não desisto tenho de encontrar,
Por muito que custe tenho que achar.
A solidão, o frio da noite fechada,
O ter que fugir pela aquela estrada,
Saltando destinos de madrugada,
Matando a fome e barriga sem nada.
Ter noção de que a derrota,
Não existe para gente devota,
Ter que regressar e denota,
Quem tem cumprir a tropa.
Tudo por tudo e afinal fiquei,
Na reserva, porquê, isso não sei,
Pena tristeza com a certeza fiquei,
O sonho que tinha, não terminei.
Na fábrica trabalhei sem dor,
Pranto de lágrimas e muito suor,
Foi lá sem pedir e sem favor,
Que conheci o meu grande amor,
O destino perverso assim o quis,
Entrei com garra e ali me fiz,
Policia e agora e o que se diz
Vivo num sonho, e sou feliz.
O meus não deixei de amar,
Só os deixei, por muito gostar,
De ter prazer de os estimar,
De terem na vida quem os possa honrar.
By Gonçalo